Com Adilson, Santos perde 4 meses e vê "projeto 3ª estrela" em risco

O técnico Adilson Batista foi demitido do Santos após quase quatro meses desde o anúncio de sua contratação. A queda repentina do treinador, que perdeu apenas um jogo em 11 disputados, fez o time alvinegro "perder" mais de 100 dias de trabalho, e pode ter colocado em risco o "projeto terceira estrela" no clube.
A contratação de Adilson nunca foi unânime entre a cúpula santista. Diretores influentes eram contrários à contratação e a demissão repentina só evidenciou o "racha" de opiniões, já que a saída queda do treinador veio de maneira curiosa: ele tinha um aproveitamento de 60% dos pontos no cargo, média equivalente ao Corinthians, terceiro colocado no Campeonato Brasileiro de 2010, por exemplo.
A sensação que ficou entre alguns membros do conselho santista foi de que quatro meses de trabalho foram perdidos com a demissão - ou com a contratação do técnico. Adilson caiu mesmo depois de ter sido escolhido, por sua experiência em competições continentais, para ser o comandante santista na Libertadores, maior ambição da temporada.
Contudo, acabou demitido depois de treinar o time em apenas um jogo do torneio e não teve a chance de disputar uma partida em casa. Explica-se: nos bastidores, Batista foi duramente criticado pelo empate sem gols contra o Deportivo Táchira, na Venezuela, especialmente porque utilizou três volantes contra um time considerado inexpressivo.
O mau desempenho da equipe na partida e a postura de Adilson, considerada por alguns diretores e conselheiros como medrosa, colocou na cúpula alvinegra o temor de ver o Santos eliminado ainda na primeira fase da competição - o que cairia como um balde de água fria no ambicioso planejamento do clube.
A revolta da torcida só serviu como fermento nas críticas dos opositores à contratação do técnico, que não titubearam e preferiram tomar uma decisão polêmica: demitir um treinador que tinha apenas uma derrota em 11 jogos, e ainda por cima em um clássico regional.
A queda precoce de Adilson só evidenciou a pressão pela conquista continental. Prova disso é a presença da Teisa (Terceira Estrela Investimentos S.A), que tem em seu nome uma clara referência a um novo título do torneio sul-americano, já que o Santos foi bicampeão da competição em 1962/63 e possui acima de seu distintivo duas estrelas alusivas aos troféus.
O grupo é extremamente participativo e influente no Santos atual e funciona como empresa geradora de recursos ao clube para trazer reforços e quitar dívidas. Foi a Teisa que teria bancado as contratações de Elano (2,9 milhões de euros, ou R$ 6,4 milhões) e Jonathan (2 milhões de euros, ou R$ 4,4 milhões), por exemplo, além de ter fornecido fundos ao clube com a compra de parte dos direitos de Neymar e Arouca.
Anunciado no dia 8 de novembro de 2010 como novo técnico do time da Vila Belmiro, Batista iniciou no cargo no dia 3 de janeiro do ano seguinte, e apesar do respaldo dado pela direção santista, acabou demitido com apenas 56 dias de trabalho.
Deixa sem comando o cargo de treinador do único time paulista na Copa Libertadores de 2011, além de uma equipe que tem a missão de findar uma espera de quase meio século para bordar a tão sonhada terceira estrela na camisa alvinegra.