"Queimado" no Grêmio, Souza diz: Flu foi a melhor escolha

Seu objetivo no Fluminense ainda é apagar a má impressão que deixou ano passado quando ainda defendia o Grêmio. Mas, depois do início avassalador no time titular, Souza caiu de rendimento e perdeu espaço para Marquinho. Ciente de seu momento difícil, o meia admite que a decisão de Muricy Ramalho não o surpreendeu e sequer o deixou chateado.
Souza comenta a sua adaptação ao Fluminense, reconhece que ainda não rendeu o esperado pelo clube, declara como aprendeu a cobrar faltas e afirma que deseja renovar por mais quatro anos com o clube, para poder encerrar sua carreira nas Laranjeiras.
Dá para perceber que você se adaptou rapidamente ao Fluminense. O que contribuiu para isso?
O que me ajudou foi o ambiente que temos no clube. Não existe competição entre os jogadores e todos me receberam muito bem. Fred, Deco, André Luis, Diguinho e Conca são pessoas sensacionais, que, mesmo com o currículo que têm, não perderam a humildade e me ajudaram muito. Assim é fácil se adaptar rapidamente a um novo local de trabalho.
Quando chegou ao Fluminense, você disse que faria de tudo para ajudar. Você esperava que conquistaria a vaga de titular tão rapidamente?
Não tenho dúvidas de que ainda tenho muito a dar para o Fluminense, pois conheço o meu potencial e sei que posso evoluir ainda mais. Fiquei muito tempo parado no ano passado no Grêmio e logicamente que iria sentir a falta de ritmo no início. A vontade de jogar é enorme, mas reconheço que ainda não estou totalmente no meu estado físico e técnico ideal. Fiquei quase um ano sem jogar e atuei apenas em 16 jogos no Brasileiro. Deu tudo errado. Quando cheguei, não achava que seria titular de cara. Estou no time campeão brasileiro e, por isso, encaro com tranquilidade a volta para o banco.
Como é atuar ao lado de Fred, Deco e Conca?
Está sendo uma experiência excepcional. Vi os jogadores agradecendo a oportunidade de terem atuado ao lado do Ronaldo quando ele parou e agora posso dizer que já joguei com Fred, Deco, Belletti... Jogadores que fizeram sucesso na Europa e têm uma carreira vitoriosa. Estou tentando aproveitar da melhor maneira possível essa convivência.
Você esperava ser procurado pelo Fluminense após estar desprestigiado no Grêmio?
Não poderia ter acontecido nada melhor na minha carreira. E tudo comprova que a minha escolha foi a mais correta. Infelizmente, no futebol não existe respeito. É por isso que torcedor diz que os jogadores atualmente não têm mais amor à camisa. As pessoas se esquecem sempre do ano anterior. Se acontecer algum problema, como o que tive lá no Grêmio, não pensam e já queimam os atletas. Não tem mais respeito e, por isso, não tem mais fidelidade. Sei que, bem fisicamente, posso ajudar. Vir para o Fluminense foi a melhor escolha.
Como você recebeu a notícia de que iria para o banco de reservas?
Conheço bem o Muricy e, por isso, entendo as atitudes dele. Sei que ele vai escolher quem estiver melhor no momento para o grupo. Não dá para sofrer na véspera. O importante é trabalhar para buscar o meu espaço no time. Muricy vai escolher o melhor para o Fluminense, e essa dúvida sobre quem vai entrar apenas ele pode tirar. No futebol, o respeito entre os atletas é algo essencial. Todo mundo quer jogar, mas apenas 11 podem começar as partidas. Quem entrar vai receber o meu apoio e incentivo.
Dá para perceber o bom relacionamento que existe entre você e o Muricy Ramalho. O que tem a dizer sobre o treinador?
Muricy Ramalho foi muito importante para mim. Me ajudou muito, me fez crescer como profissional e pessoa. Me fez entender o valor da vitória e de como a conquista de títulos é importante na carreira de um atleta. Ele cobra muito e a cada ano isso aumenta. Não é fácil se manter no topo, e o nosso comandante não tem a característica de relaxar. Minha amizade com ele vai além do campo, eu o respeito demais. São três anos de amizade, mas o que me deixa tranquilo é saber que isso fica fora do gramado e, se eu for escolhido para entrar, é por causa do meu futebol. Ele valoriza o trabalho. Amigos, amigos, negócios à parte (risos).
Sob o comando do Muricy Ramalho, você acha que pode voltar a ser o Souza que brilhou com a camisa do São Paulo?
Muricy Ramalho me trouxe para o Fluminense porque sabe que sou um jogador de grupo. Jamais darei um problema para ele. Com certeza sei que posso render o que ele espera para voltar ao time. Nunca vou duvidar da minha capacidade. Sei que ele pode me ensinar ainda mais e vai me ajudar durante os treinamentos.
Você tem se destacado nas jogadas de bola parada. Quando e como foi que você começou a utilizar esse recurso?
Não sei ao certo o ano. Foi pelo São Paulo, com o Muricy. Durante um treinamento, eu prestava atenção na maneira de chutar do Rogério Ceni, até que um dia consegui fazer um gol de falta nele. Passei a treinar mais seriamente e fui anotando algumas dicas dele. No Fluminense, já pude ajudar os meus companheiros nas jogadas de bola parada. O segredo é conversar muito com os atacantes para saber onde eles se posicionam no momento da cobrança. Quem tem uma bola parada forte pode fazer a diferença e, graças a Deus, tenho ajudado.
Com 32 anos, você já pensa em se aposentar com a camisa do Fluminense?
Meu pensamento é ficar mais de dois anos no Fluminense. Se pintar a possibilidade de prorrogar por mais três, quatro anos, vou fazer de tudo para ficar, pois, para mim, será um privilégio encerrar a minha carreira num clube como o Fluminense. Minha intenção hoje é chegar ao fim da temporada e já renovar com a diretoria. Fui muito bem acolhido e estou feliz no Rio de Janeiro.