Sob olhar de Pelé, Neymar comanda tri e cria "nova era"
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Sob olhar de Pelé, Neymar comanda tri e cria "nova era"
Demoraram 48 anos para o santista voltar a soltar o grito de campeão da Libertadores. E, como nos áureos anos 60, a figura de um jovem atacante fora protagonista da façanha continental, que devolveu ao Santos o status de principal time da América. Neymar, 19 anos, escreveu de vez seu nome na história alvinegra na noite desta quarta e assinou, com um dos gols do título, o decreto da nova era na Vila Belmiro: a "era Neymar", sob os olhos de um emocionado Pelé nas tribunas do Pacaembu.
Foi necessário apenas um minuto de bola rolando no segundo tempo da decisão da competição, contra o tradicional Peñarol-URU, em um Pacaembu tomado pelo "mar branco" idealizado pela diretoria e abraçado com anseio pelos torcedores. Um minuto para Neymar dominar um belo passe de Arouca na grande área adversária e chutar, de primeira, com a mesma perna direita que infernizou os uruguaios com dribles durante 180 minutos.
No canto esquerdo, rasteiro, indefensável para o goleiro Sosa, que ainda fez o que pode para espalmar a bola para o fundo da meta uruguaia. O Santos abria o placar no Pacaembu, 1 a 0, resultado mais do que suficiente para trazer de volta o tricampeonato para a Baixada Santista, o terceiro caneco de Libertadores da gloriosa sala de troféus da Vila Belmiro.
E não foi apenas esse gol que fez de Neymar a principal figura do Santos no torneio. Com seis tentos, que o deram o status de artilheiro absoluto da equipe alvinegra no certame, o atacante vestiu a carapuça de aspirante a ídolo e foi além. Seu protagonismo começara há dois meses, ainda pela primeira fase da Libertadores, quando o Santos precisava de improváveis três vitórias para classificar-se.
Com um time apático, abalado internamente por turbulências geradas e pelas más apresentações do time montado pelo então demitido técnico Adilson Batista, o clube alvinegro enfrentava o Colo Colo-CHI no primeiro choque da série de três decisivos. No banco, o interino Marcelo Martelotte ocupava o lugar do recém-contratado Muricy Ramalho, acomodado nos camarotes da Vila.
Foi quando brilhou a estrela de Neymar. Dribles, passes, uma exibição de gala coroada com um gol de placa, após dar chapéus em dois adversários atônitos e finalizar de cobertura. Na comemoração, a irreverência de sempre ao vestir uma máscara com seu rosto rendeu-lhe um cartão vermelho que quase deixou tudo a perder.
Desfalque no duelo seguinte, com o Cerro Porteño-PAR, o camisa 11 assistiu de casa Danilo ser herói e, no jogo posterior, com o Deportivo Táchira-VEN, um gol seu foi o bastante para ajudar o Santos a avançar às oitavas, também despachadas com dois difíceis confrontos com o América-MEX.
Na reta final, a partir das quartas, Neymar iniciou uma impressionante série decisiva e foi, jogo após jogo, o principal nome santista. Primeiro, balançou as redes e foi o autor do tento da classificação contra o Once Caldas-COL, no Pacaembu. Depois, despediu-se do Cerro com linda jogada no gol de Edu Dracena, no embate de ida, também no estádio paulista, e com novo gol no suado empate por 3 a 3, no Paraguai.
Nas finais, finalmente, após bela atuação em Montevidéu, quando chegou a efetuar mais dribles do que todo o time do Peñarol somado, chamou para si a responsabilidade no encontro decisivo e marcou o primeiro gol do confronto, logo a um minuto da etapa complementar. O lance inflamou um até então apático Pacaembu, que explodiu em êxtase com os gritos de "tricampeão".
Os dois gols seguintes, de Danilo e Durval (contra) pareceram mera formalidade para o torcedor santista. Entre eles, Pelé, um "menino" de 70 anos de idade, que pulava de alegria nas tribunas a cada nova jogada do astro alvinegro. Neymar, 19 anos, quatro títulos pelo Santos e protagonista da primeira Libertadores pós "era Pelé", O Santos, enfim, depois de quase meio século, vive uma nova era: a "era Neymar".
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