Bernardinho inaugura escolinha de vôlei no Complexo do Alemão

O técnico da Seleção Brasileira masculina de vôlei, Bernardinho, inaugurou, nesta quinta-feira, a mais nova unidade de sua rede de escolinhas. Acompanhado do secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, ele deu o 'saque inicial' do projeto na favela Nova Brasília, no Complexo do Alemão, Zona Norte da cidade. Essa é a segunda escola de Bernardinho em comunidades pacificadas, com o intuiuto de dar às crianças da região a oportunidade de construir seu futuro através do esporte.
As aulas na Nova Brasília atenderão, inicialmente, 300 crianças. Boa parte delas estava na quadra para recepcionar o ídolo. Com dezenas de meninos e meninas a seu redor, Bernardinho mal conseguia andar. Mesmo assim, aproveitou para passar dicas de como bater bem na bola a seus novos alunos.
- Ele me ensinou a sacar e falou para eu ter mais equilíbrio - contou Letícia, de 12 anos
A relação de Bernardinho com a secretaria de Segurança do Rio de Janeiro começou em 2007. Depois de um palestra no Bope (Batalhão de Operações Especiais), ele foi convidado a criar uma escolinha na comunidade do Tavares Bastos, que fica próxima ao quartel-general, na Zona Sul da cidade. O treinador da seleção espera repetir o sucesso no Complexo do Alemão.
- Dos 1.200 alunos que passaram pelo curso lá, muitos passaram a jogar em times profissionais. Quando cheguei aqui, pude ver o entusiasmo dos jovens. Os mesmos professores que dão aulas em nossas unidades privadas, dão aulas nas comunidades, então a qualidade de ensino é a mesma - explicou.



Satisfeito com parceria o técnico da Seleção Brasileira, o secretário de Segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame, que comanda o processo de pacificação das áreas dominadas por traficantes de drogas, vê no contato com o esporte uma chance de tirar os jovens do caminho do crime:
- Não é a polícia que vai resolver todos os problemas. Ela vai abrir uma janela de oportunidade. A manutenção da paz está em atender as demandas sociais - afirmou.
A prioridade, para Bernardinho, é usar o vôlei para formar cidadãos, mas revelar profissionais não está descartado:
- O esporte, fortalecendo o processo de educação, é uma ferramenta para o desenvolvimento desses jovens. Um trabalho de autoestima e disciplina. Num segundo momento, e é automático, vão surgir valores para o esporte - previu o multicampeão.
Os planos para a parceria entre as UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora) e as Escolinhas de Vôlei de Bernardinho não param no Complexo do Alemão. Conforme o número de áreas pacificadas aumenta, a tendência é que as EVBs se multipliquem pelo Rio de Janeiro. Tudo, no entanto, sem tirar os pés do chão.
- Não vamos crescer por crescer. Vamos ter unidades em outras comunidades, mas temos que estudar para ver quais serão os próximos passos - disse Bernardinho, deixando claro que o sucesso depende da disciplina.