À sombra da mãe, Sasha bloqueia os holofotes e busca afirmação no vôlei
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À sombra da mãe, Sasha bloqueia os holofotes e busca afirmação no vôlei
A fase esportista de Sasha, hoje com 13 anos, coincide com o afastamento da carreira artística. Do nascimento com cobertura do "Jornal Nacional" ao papel principal no filme “Xuxa e o mistério de feiurinha”, em 2009, a carioca passou a infância como alvo dos paparazzi, foi modelo da grife de roupas da tia, fez aparições em programas de TV e participações como cantora em CDs da mãe. Desde a experiência no cinema – em parte influenciada pelas críticas que recebeu pela atuação -, passou a evitar a exposição na mídia sempre que possível.
Há pouco mais de um ano, a menina deixou o balé em segundo plano para se dedicar ao vôlei. O bom desempenho na escolinha do Flamengo a levou ao time mirim (sub-13) do clube. Uma das levantadoras titulares da equipe (na categoria, há duas ao mesmo tempo em quadra e não há líbero), Sasha se destacou no campeonato carioca e foi convocada para a seleção do estado, que se sagrou campeã da Copa Brasil no fim de julho. Na campanha vitoriosa, Sasha foi reserva.
Diferentemente dos treinos no Rio de Janeiro, em que seus pais famosos já não atraem tantos olhares e apenas engrossam a torcida de familiares, os campeonatos tornam-se sessões de fotos e autógrafos nas arquibancadas. Porém, quando os pedidos se estendem à jovem atleta, ela recua. Não por antipatia, garantem as amigas. Mas pelo simples desejo de querer ser igual às outras meninas da sua idade.
- Ela é muito humilde e não quer ser diferente de nenhuma de nós. A mãe dela é que é famosa, mas ela pede para não ser ninguém. Ela fica chateada e se pergunta por que as pessoas querem tirar foto com ela e não do time, se é o time que está jogando. Ela até pede para nós a escondermos quando vê fotógrafo – contou uma colega, que pediu para não ser identificada.
O desejo de passar despercebida é tanto que Sasha até abre mão do luxo a que foi acostumada. Enquanto a mãe reservou vários quartos no melhor hotel de Três Rios, cidade no interior do Rio de Janeiro, para ela e alguns amigos se hospedarem durante a Copa Brasil, a levantadora dormiu em um colchonete na sala de aula de um Ciep com o restante da equipe.
A única coisa que não muda é a proteção da menina. Onde quer que ela vá - evento social, escola ou competição -, dois seguranças a acompanham. Já acostumados à presença da dupla, amigas e pais afirmam que não se sentem intimidados ou incomodados pela escolta.
Tratamento igual. Ou não?
Devido à carga horária de sua escola, Sasha perde parte de dois dos quatro treinos semanais. Para compensar a defasagem em relação ao resto da equipe, partiu dela o pedido para treinar além do horário. Enquanto as amigas vão para casa descansar, ela, o treinador e mais uma levantadora fazem atividade específica para a função. Fora esta prática extra, a rotina e o tratamento são os mesmos. Acertos rendem elogios, erros bobos geram broncas, e cortadas seguidas são recebidas sem cara feia até que o passe saia bom.
Os pais das adversárias, porém, nem sempre acreditam nesta “igualdade” pregada por quem está do lado do Flamengo. Principalmente no que diz respeito à arbitragem. Em um confronto pelo campeonato carioca, o Rubro-Negro vencia o Botafogo no tie-break por 14 a 13. A atleta alvinegra cravou um ace, mas o juiz marcou bola fora e decretou a vitória do time da Gávea. Após o apito final, os mesmos pais que antes do jogo incentivavam seus filhos a tirarem fotos com Xuxa usaram a presença da apresentadora para justificar a marcação equivocada.
- Foram da quadra até o estacionamento reclamando que o jogo estava comprado para o time da Xuxa – lembrou o pai de uma das atletas rubro-negras.
Ao contrário do que os responsáveis das adversárias insinuam, os pais das amigas contam que Sasha é simples no trato diário e que evita ao máximo mostrar sua condição financeira privilegiada. A levantadora frequenta os apartamentos das colegas e, com frequência, as recebe em sua casa. A preocupação dos pais é justamente quando suas filhas vivenciam parte do “mundo de fantasias” a que uma estrela da televisão tem acesso.
- Jamais privaria minha filha de uma convivência saudável e de passar um fim de semana de sonhos. Mas tomo todo o cuidado de falar que passar o dia na piscina sendo servida, tomar banho na banheira da Xuxa, são coisas de um mundo de fantasias. Na segunda-feira, na escola, todo mundo é igual e volta a ter os mesmos direitos e deveres que os outros – afirmou um responsável.
Marketing com uma estrela discreta
Apesar da maior visibilidade, o Flamengo diz que atende à solicitação da assessoria de imprensa de Xuxa e evita explorar a imagem da menina na mídia. Aos repórteres, pede que os treinos em suas dependências não sejam fotografados. Em outros quesitos, em teoria, é adotado o mesmo tratamento que recebem os filhos de outros famosos - como os do bicampeão olímpico Giovane Gávio, dos ex-jogadores de futebol Bebeto e Donizete, dos atores Cíntia Howlett e Eduardo Moscovis, e da própria presidente Patrícia Amorim - que praticam esportes no clube.
Na prática, porém, o Rubro-Negro ganha espaço nos meios de comunicação. Em um dos treinos, o diretor de esportes olímpicos Arnaldo Szpiro entregou a Xuxa uma camisa personalizada, com seu nome e o número 7 (mesmo usado pela filha) nas costas. A foto foi publicada em diversos veículos, e a imagem da apresentadora, torcedora assumida do Rubro-Negro, torna-se ainda mais associada à instituição.
Técnico da equipe feminina mirim, Josemar Reis nega que sofra qualquer pressão da diretoria ou do departamento de marketing para escalar Sasha ou formar uma atleta de ponta a qualquer custo. O treinador, que trabalha com a faixa etária há cerca de dois anos, descreve a menina como uma apaixonada pelo esporte, mas diz ser cedo para dizer se há chances de ela seguir carreira profissional.
- É muito precoce avaliar o mirim. As meninas têm que se iniciar em todas as funções do voleibol, e não dá para especializar. Mas acredito que, se o Flamengo ganhar alguma mídia com ela, vai ser pela atleta em quadra. Não por ser filha da Xuxa. Lógico que, lá na frente, as duas coisas vão casar. Mas, hoje, não há pressão de forma alguma em sentido contrário a nossa filosofia.
Enquanto tenta escrever sua história por conta própria, Sasha segue bloqueando os holofotes na mesma proporção que se dedica aos treinos. Se o destino lhe reserva um futuro de estrela no esporte, só o “cara lá de cima” pode dizer. Mas, como diz a letra da canção mais famosa da mãe, "tudo que tiver que ser, será".
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